Projeto esportivo na Guiné-Bissau ganha o apoio da Hinova com doação de uniformes
Quase 5 mil quilômetros separam o Brasil da Guiné-Bissau. O país africano está do outro lado do Oceano Atlântico, distante de nossas terras tupiniquins, acima de tudo, não apenas no quesito territorial. Diferenças culturais e até mesmo de idioma – apesar da colonização portuguesa – são grandes desafios para brasileiros que vão para a Guiné-Bissau realizar trabalhos em um projeto missionário com crianças nativas.
Nem mesmo esses obstáculos fizeram Rose Miriam Abreu desistir de fazer o bem. A missionária do Projeto Jocum Brasil está na Guiné-Bissau há quase 14 anos, atuando em uma escola com foco em diversas ações sociais para as crianças e suas famílias. Projetos de saúde, educação, bem-estar e esporte são desenvolvidos no espaço, e foi justamente para apoiar a iniciativa que o Grupo Hinova doou 60 uniformes completos para os jovens da escola.
A entrega do material foi feita em dezembro de 2021 para Rose Miriam, que visitou a sede do Grupo Hinova, em Belo Horizonte. Os uniformes já estão sendo utilizados pelas crianças em um projeto de futebol conduzido por Rose e a Escola Jocum na Guiné-Bissau.
E para que você conheça mais sobre o Projeto Jocum, o trabalho realizado por Rose na África e o apoio do Grupo Hinova que batemos um papo com a missionária. Veja só!
Os problemas sociais na Guiné-Bissau
Infelizmente um dos maiores desafios da Guiné-Bissau é a pobreza. Um dos países mais pobres do mundo, a Guiné-Bissau tem cerca de 58,4% de sua população vivendo nessa situação, segundo levantamento do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, da ONU.
O país africano ocupa a posição de número 178 de 189 países no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano, que leva em conta a expectativa de vida da população, a escolaridade e a renda nacional.
Sem muitas perspectivas de melhora da situação, crianças são privadas de irem à escola e da infância para, desde cedo, ir às ruas em busca de complementar o sustento da família.
A importância do trabalho de missionários em projetos
Para tentar mudar o rumo dessas crianças e oferecer uma nova oportunidade de vida que missionários saem daqui do Brasil e vão até a Guiné-Bissau. E esse foi o caso de Rose Miriam Abreu e de seu marido, que vivem no país africano há mais de uma década.
“Anteriormente eu trabalhava na base da Jocum aqui no Brasil, e então fui convidada para dar aulas na Guiné-Bissau. Era uma coisa fora de cogitação para mim ir para outro país e viver em uma outra cultura. Mas eu e meu marido oramos a Deus, fomos para lá e descobrimos que fomos não somente para ajudar, mas também para aprender. Fomos para ficar apenas dois anos, mas já estamos atuando lá há 14 anos”, comentou Rose.
“Lá eu trabalho com educação. A nossa escola atua na cidade de Gabú e conta hoje com 920 alunos. Dentro da escola temos vários projetos, com aulas de futebol e culinária, por exemplo. Queremos que a criança possa crescer tendo algo específico para fazer. As crianças lá não possuem expectativa de vida. Elas nascem e sabem apenas que vão crescer e morrer”, complementou.
Apoio do Grupo Hinova ao projeto esportivo
Além das ações esportivos dentro da Escola Jocum, Rose e seu marido conduzem aulas de futebol também com crianças de áreas de risco da Guiné-Bissau. São esses jovens que receberam os uniformes doados pelo Grupo Hinova.
“Toda cultura é apaixonada por futebol, e a população da Guiné-Bissau nos admira pelo fato de sermos brasileiros e possuirmos bons jogadores. E esse projeto surgiu porque víamos muitas crianças nas ruas, vivendo em situações de risco. Nós temos uma equipe de futebol dentro da escola, que participam de torneios, além de um outro time de crianças que não estudam na escola, mas que gostam de futebol. Hoje temos, em média, entre 50 e 60 crianças externas à escola que participam desse projeto”, considerou Rose.
Rose afirma que os materiais doados pelo Grupo Hinova aos garotos da Guiné-Bissau representarão uma nova expectativa de vida para esses jovens.
“As crianças lá não possuem condições de ter um uniforme. Esses uniformes doados pelo Grupo Hinova vão ter um significado muito importante, porque tenho convicção que esses materiais façam que eles possam acreditar mais em um futuro melhor e no que nós pregamos para eles”, disse.
As diferenças culturais
Apesar da colonização da Guiné-Bissau ter sido feita por Portugal, os nativos do país pouco falam o idioma português. Segundo Rose, a língua nacional mais falada por lá é o Crioulo. Mas engana-se que as diferenças se resumem apenas no idioma.
“A diferença cultural do Brasil para a Guiné-Bissau é muito grande. É um país que ainda sofre com falta de luz, de água, de saneamento, que possui a alimentação diferente, por exemplo. Algumas etnias comem apenas uma vez ao dia. E o que mais me choca até hoje é ver que na única refeição do dia, eles colocam o alimento em uma grande bacia, um arroz, um caldo de cebola e a carne”, ressaltou Rose.
E não para por aí! De acordo com Rose, as crianças são as últimas da fila no momento das refeições. No entanto, muitas mães deixam de comer para garantir o alimento aos pequenos.
“Lá é assim: primeiro comem os homens grandes da casa, que são os mais velhos, depois comem as mulheres e, por fim, as crianças. Imagina se sobra algo para as crianças? Por isso, muitas mães renunciam à comida para deixar para os filhos”, disse.
Como você pode ajudar o projeto?
Sabia que esse tipo de trabalho pode ser realizado por qualquer pessoa? Os projetos sociais da Jocum estão abertos a futuros missionários, que podem dedicar o período de férias, por exemplo.
“Talvez a pessoa não possa ir morar na Guiné-Bissau ou em qualquer outro país atendido pela Jocum. Mas ela pode doar suas férias e ser um voluntário, dando aulas de direito, medicina, educação e muitas outras possibilidades”, citou Rose.
Você pode saber mais sobre como ajudar a Jocum através do perfil oficial da iniciativa no Instagram ou no site: jocum.org.br